quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Marrakesh


 

das sombras da história

suave como seda

diamante memória

remonta ancestral vereda


sob o céu de exú

ressurgem olhos de tâmara

sinfonia no peito nú

segredos encerrados na câmara


tempo-espaço aberto

sonho-vigília vontade

tesouro é oásis no deserto

escaravelho decifra a verdade

refulgir

 


reflexos tantos que somos. reflexos dum tempo louco. gritos roucos. íntimos. soltos. o que vive no inconsciente, será tão indecente? inocente? o que não se quer ver, nem sentir, é o que nos move para além do devir. pra se libertar, se refundir. refulgir, sob sombras nascidas nas dúvidas. ressurgir, nas brumas sopradas pelo vento. fomentar, no sangue vertido pelos inocentes. recriar o mundo no repasto da humildade. espectros vagam na antesala da vigília. desejos acomodam a poeira no perfume dos sonhos bons. a noite é branda e também tormenta. a humanidade é imensa, embora tão displiscente. reflexos voam pela senda da senda da memória. agora me lembro: convidei a audrey pra jantar. por um momento me esqueço: ela é uma fotografia. que seja, o delírio é meu.

Profecia



Vertigem. Nem sempre é simples caminhar sob as nuvens. Mas não há como fugir aos desígnios vindos do espaço. No céu, a vida é mais azul. Há os raios da Lua para alimentar, O vento para refrescar. E as estrelas para fazer brilhar. Há também o medo de cair. Como se ele não houvesse também no chão. Abençoado seja quem sabe estender a mão. E dizer, seja o sim ou o não, com o coração. Renunciar ao peso. À culpa. Ao desprezo. Espalhar pelo mundo sementes de girassol, criar pinturas vivas, como Van Gogh. A refletir o Sol. Há mais: nunca devemos esquecer de flutuar. Leves como crianças a mergulhar no mar.

A bailarina

Edgar Degas

 A bailarina flutua

em seu suave idílio

com sutis gestos tatua

pura vibração, rebrilho.


A bailarina sonha

um mundo de belezas reais

num giro inspira a alma tristonha

num salto enseja viagens astrais.


A bailarina tem classe

reinventa na dor o clamor

nas pontas dos pés renasce

o céu alcança, no movimento do amor.