Por esses dias, parei para
tomar uma cerveja belga
e um licor italiano
no Black Horse
um pub tipicamente inglês
com um chef irlandês
ali em Alphaville
endinheirado subúrbio
de São Paulo
e enquanto ouvia
o swing inconfundível
mess around
do filho da África
Ray Charles
um argentino
e um marroquino
conversavam em espanhol
ao meu lado
enquanto bebiam
a brasileiríssima caipirinha
- preparada com vodka russa.
Quase ao mesmo tempo
um grupo de japoneses
e portugueses
engravatados
pedia para o garçom
algumas doses do
cubano mojito
e uma porção de pastéis
de camarão
- pescado na costa senegalesa.
Tão somente quando
o judeu norte-americano
Bob Bylan
soou no
ambiente
Tombstone
Blues
é que os idiomas
começaram a me confundir
e eu que estava a ler
sobre a Comuna de Paris
a guerra entre França e Prússia
e os 10 meses de utopia
do povo no poder
na Cidade Luz
olhei meu relógio suíço
comprado no Paraguai
e vi que era hora
de ir-me embora.
Pra Pasárgada?
Não.
Pra Mauá mesmo.