segunda-feira, 7 de junho de 2010

Alguém sorriu de passagem


Alguém sorriu
de passagem
numa cidade
estrangeira.

O que estará
pensando
o velho que caminha
de cabeça baixa

o casal que
se ama
no beco
furtivamente

os amigos que
brincam
e sonham
alegremente

quais serão suas
histórias
dramas
expectativas?

Sob as guirlandas
que realidades encerram-se
nestes universos únicos, particulares
de cada ser que habita este mundo?

Atrás das máscaras
que desejos se afogam
inauditos
malditos?

Quais palavras, brados
aquiescências, gritos, soam abafados
sob a superfície cômoda das
aparências supérfluas?

Quais verdades
se afirmam, e colaboram
sutis
com o mundo em (re) construção?

Quantos vulcões prestes a explodir?
Quantas evoluções prestes a consumar?
Quantos desencontros prestes a consumir?
Quantos sorrisos prestes a alimentar?

Alguém sorriu
de passagem
numa cidade
estrangeira

e a vida
fez-se inteira, novamente
para sempre, num único
momento completo.

Eu sorri
de passagem
numa cidade
estrangeira.