Alguém sorriu
de passagem
numa cidade
estrangeira.
O que estará
pensando
o velho que caminha
de cabeça baixa
o casal que
se ama
no beco
furtivamente
os amigos que
brincam
e sonham
alegremente
quais serão suas
histórias
dramas
expectativas?
Sob as guirlandas
que realidades encerram-se
nestes universos únicos, particulares
de cada ser que habita este mundo?
Atrás das máscaras
que desejos se afogam
inauditos
malditos?
Quais palavras, brados
aquiescências, gritos, soam abafados
sob a superfície cômoda das
aparências supérfluas?
Quais verdades
se afirmam, e colaboram
sutis
com o mundo em (re) construção?
Quantos vulcões prestes a explodir?
Quantas evoluções prestes a consumar?
Quantos desencontros prestes a consumir?
Quantos sorrisos prestes a alimentar?
Alguém sorriu
de passagem
numa cidade
estrangeira
e a vida
fez-se inteira, novamente
para sempre, num único
momento completo.
Eu sorri
de passagem
numa cidade
estrangeira.