sábado, 6 de dezembro de 2014

infinito interior


(Foto: Tiel Lieder)


nada 

nem 

ninguém

pode 

lhe

impedir

de 

existir

sentir

reluzir

e

 florir

mesmo

 que 

na 

imensa

escuridão

que 

precede


anunciação

domingo, 17 de agosto de 2014

Verso reflexo


(Eugene Delacroix - La mer vue des hauteurs de dieppe - 1852)

Universo
Convexo
Num reflexo
Nasce o verso

Inverso
Inverno
Num amplexo
Amplia o plexo

Disléxico
Dialético
Num reverso
Terceiro sexo

Léxico
Tóxico
Num estóico
Sopro hipnótico

Movimento
Pensamento
Num momento
Ancestral sentimento

Imemorial
Inaugural
Num vagar
Incessante caminhar

Metafísico
Cíclico
Num atemporal
Sonho astral

Devaneio
Revolteio
Num visceral
Vislumbre total

Saudade
Verdade
Num real
Acorde natural

Amizade
Deidade
Num surreal
Eco primordial

Liberdade
Simplicidade
Num espiritual
Verso universal

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Das entrelinhas e silêncios do tempo e do vento

(A wind-beaten tree - Vincent Van Gogh - 1883)



A ventania

Assovia o vento dentro de mim.

Estou despido.

Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contra-vento, sou o vento que bate em minha cara."

Eduardo Galeano (O Livro dos Abraços).


Ela


A ventania diz tanto


com tão pouco...


Como pode caber tanto


dentro dessas entrelinhas


do respiro de silêncio


que há entre elas?


Abraços


são deleites


que em palavras não sei dizer...


Só sei sentir.


O poder


dos pequenos espaços


silenciosos


que há em seus versos.



Ele


Tão bom é


só sabe sentir...


Qualidade tão bela


e rara,


minha cara.


Galeano é o cara


ave-rara


de ideias tão belas


e claras


a desnudar tal elite ignara...


Mas atenta:


a vida acontece nas entrelinhas


dos acontecimentos


momentos


tecida nas frestas insinuadas


em  sonhos


e anseios


nos essenciais sentimentos


e revolteios


da alma


em seus primordiais ecos


e silêncios


levada pelo sopro dos ventos.



Ela


"A vida acontece nas entrelinhas!"


Nas frestas...


No silenciar


ao revés do atacar


e, sobretudo,


na capacidade de escutar


os ecos


vindos do silêncio.



Ele


O silenciar


ao invés de atacar


nos fará pulsar,


integrar...


Não segregar e açoitar.


Nas frestas do desconhecido


(re) surgem paisagens,


eternos destinos...


"Escutar os ecos vindos do silêncio”!


E que deles renasça a prosa


a brisa


sob a luz do luar


ou o encanto solar.





(Poema em parceria com a querida amiga Paula Sicchierolli, inspirado pela inspirada poesia do escritor uruguaio Eduardo Galeano)

segunda-feira, 31 de março de 2014

Ninfa



Alva, tua beleza acalma

Minha alma, como uma flauta

Orquestra essa sinfonia desordenada

Rege os meus destinos em notas abençoadas.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Globalização


 
Por esses dias, parei para

tomar uma cerveja belga

e um licor italiano

no Black Horse

um pub tipicamente inglês

com um chef irlandês

ali em Alphaville

endinheirado subúrbio

de São Paulo

e enquanto ouvia

o swing inconfundível

mess around

do filho da África

Ray Charles

um argentino

e um marroquino

conversavam em espanhol

ao meu lado

enquanto bebiam

a brasileiríssima caipirinha

- preparada com vodka russa.

Quase ao mesmo tempo

um grupo de japoneses

e portugueses

engravatados

pedia para o garçom

algumas doses do

cubano mojito

e uma porção de pastéis

de camarão

- pescado na costa senegalesa.

Tão somente quando

o judeu norte-americano

Bob Bylan

soou no ambiente

Tombstone Blues

é que os idiomas

começaram a me confundir

e eu que estava a ler

sobre a Comuna de Paris

a guerra entre França e Prússia

e os 10 meses de utopia

do povo no poder

na Cidade Luz

olhei meu relógio suíço

comprado no Paraguai

e vi que era hora

de ir-me embora.

Pra Pasárgada?

Não.

Pra Mauá mesmo.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Paloma Negra


Deusa dos séculos
Bálsamo
Láudano
Oráculo de Delfos

Magia imemorial
Reflexo
Amplexo
Gesto inaugural

Tua presença
Magenta
Sedenta
Invade intensa

Revolteia
Sonhos milenares
Instantes solares
Serpenteia

Envolve 
Em tua teia
Explode
Como lua cheia

E leio pelos muros da Vila Madalena:

Paulo Liebert/AE

A verdade é que você mente todo dia

Quase nada

A Internet é livre

The real street style

Discórdia [com a cara do Chico Buarque estampada]

Isso de querer ser exatamente aquilo que se é ainda vai nos levar além

Paulo Leminski

Burgueses malditos

Globo: a gente não se vê por aqui

(isto não é importante)

Sereia

Lola

Gold

Perder as paredes aparentes

Odeie seu ódio

UE

Mojo

Favor tomar banho antes de subir no ônibus

House of cocô

Foi comprar cigarro e nunca mais voltou - Lapa

Quase tudo é quase nada

Não acomodar com o que incomoda