sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

polifonia


Soleil couchant à Etretat - Claude Monet - 1883


palavras podem 
ser
refúgios

acordes 
transformam
ruídos

poesias 
acolhem
soluços

que a música 
sussurrou
em meus ouvidos

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Sangrar até curar?


Uma história. Qualquer que venha a ser. Inventa. Hoje. Não para no pensamento. Sai da razão. Deixa fluir o devir. O que não se sabe. Id. Memória oculta. Realidade. Dualidade. Tarancón remonta à saudade. À lembrança. Voz ancestral. Tambor. Amor e dor. Pulsante. Energia que sai. De si. Em Si. Bemol. Sol. Sustenido. Ressoa. Aquece. Não fica em casa, não. Fica. Vai. A noite sagrada. O ritual se inicia. Faravahar. Jornada madrugada adentro. A luz. A montanha. Me vejo voando ao redor da lamparina que imagino a iluminar minha cabana. Ou seriam pirilampos? (será que eles falam esperanto?). Para, vai, pra que todo esse pranto? Para o homem que inventou o fuzil, pra que tanta matança? Menos sangue e mais dança. Alegria. Criança. O circo platinado acaba de pousar aqui ao lado, vejo pela minha janela. Vamos ver o bêbado equilibrista e a acrobata maluca. Dizem que a fama da dupla arrebata multidões em galáxias distantes. Dentro de um sonho, vocês podem se perguntar. Mas por hora apenas digo que já estou dentro do picadeiro - e o palhaço me chama para uma conversa sobre a flexibilidade do rabo do crocodilo. Em face ao rabo da lagartixa, o que difere? Gracias a la vida nada é igual, tão únicos são os gestos mais simples e distantes, como o olhar de uma aldeã ao horizonte deserto naquela manhã de 13 de dezembro de 1417, numa vila próxima à Vladivostok, ao lembrar do único beijo trocado com o homem - ou seria mulher? - que ainda amava, e ama. Enquanto destinos se afastam, caminhos se encontram, se reconhecem, se cruzam, sempre. E o que se busca? O vislumbre? Ou seria o relance? "La vida és eterna em cinco minutos". Te Recuerdo, Amanda. Linda canção de Victor Jara. Pinochet, que se se prestasse a ser humano somente por cinco segundos, não o destroçaria, como o fez, assim como com o sonho chileno. O sonho será sempre a utopia do possível e, por tal, eterna contradição? Tá tudo tranquilo, afinal. Tudo bem, vou ser um pouco sincero: por vezes tenho suado sangue. Mas não será sempre assim, mesmo? Sangrar até curar? Fazer a ferida pulsar, feito magma. Até sublimar? Que vontade de ver o mar...


segunda-feira, 24 de julho de 2017

Fênix

(Foto: Tiel Lieder)

Desaparecer
entre desencontros
ledos escombros
desvanecer.

Refundir
a essência inata
a beleza flauta
ressurgir.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Mulher imensidão





Mulher coração
Tua vibração enternece
Mulher emoção
Tua anunciação precede

Mulher aluvião
Teu ventre aquece
Mulher encarnação
Teu seio ascese 

Mulher sofreguidão
Teu pensamento enlouquece
Mulher sedução
Teu perfume permanece

Mulher criação
Tua imaginação insondável
Mulher revolução
Tua intenção venerável

Mulher natureza
Tua nobreza sinfonia
Mulher fortaleza
Tua certeza assovia

Mulher mundo
Teu caminho eterno
Mulher profundo
Teu sopro moderno

Mulher cor
Teu arco-íris a sonhar
Mulher flor
Tua íris a brilhar

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Brasil moribundo

Caça ao Leão (esboço) - Eugène Delacroix - 1854


Perdida, debalde

Em algum lugar

Entre o céu e o mar 

Desaba, em oculto arrabalde


A verdade

Pesada como o chumbo

Abatida, sem piedade

Neste Brasil moribundo