terça-feira, 25 de outubro de 2016

Réquiem para um ser humano



Réquiem para um ser humano
Homem do povo
Invisível suburbano
Tão somente vil, estorvo

A pele negra
Tez escura
A morte como regra
Nesta rua tão dura

Escravo eterno
Estatística contraditória
Em teu íntimo inferno
Pós-moderna palmatória

Tiro certeiro
Na testa
Preto cordeiro
Fim de festa

Tua lembrança
Vive em mim
Tua voz, esperança
Também sou eu, sim!

17/09/2016 - para Amarildo e todos os negros mortos sem razão nem coração nas periferias do Brasil



Réquiem para meu primo



Réquiem para meu primo
Irmão
Tua lembrança, comigo
Tua emoção

À vida exaltou
Com fé
Tua alma entregou
À Sé

À Deus
Aos teus filhos
Ilusório adeus
Somente o bailar de teus cílios
[e brilhos

Permanece
Em meu coração
O olhar que enternece
A reluzir imensidão

Louvado seja
Teu espírito
Suave, arpeja
À nós, o infinito

À ti ofereço
Meu amor
Em ti revejo
A iluminar, tão belo esplendor!


17-20/09/2016 - para meu primo Rodrigo

Réquiem para um santo



Requiém para um santo
Palhaço
Todo esse pranto
Aquele abraço

Tua presença
Incensa, imensa
Tua ausência
Tão densa

Nas lágrimas do povo
Tua lembrança deságua
Nas angústias, estorvo
Na esperança, Aconcágua

Que o sorriso vasto
Verdadeiro
Que o rebrilho fausto (lauto)
Brasileiro

Que teu olhar terno
Traga aos corações puídos
Teu reviver eterno
E renasça teus órfãos caídos

Para que tua presença
Infinita
Tal primaveril renascença
Siga colorida, e bonita

Do Rio São Francisco
Agora és protetor
Ágil como um corisco
És o cantador

És agora louvor
De Marte, da arte
És reator
E para todo sempre 

Será esplendor!


17/09/2016 - para o ator Domingos Montagner