segunda-feira, 21 de abril de 2014

Das entrelinhas e silêncios do tempo e do vento

(A wind-beaten tree - Vincent Van Gogh - 1883)



A ventania

Assovia o vento dentro de mim.

Estou despido.

Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contra-vento, sou o vento que bate em minha cara."

Eduardo Galeano (O Livro dos Abraços).


Ela


A ventania diz tanto


com tão pouco...


Como pode caber tanto


dentro dessas entrelinhas


do respiro de silêncio


que há entre elas?


Abraços


são deleites


que em palavras não sei dizer...


Só sei sentir.


O poder


dos pequenos espaços


silenciosos


que há em seus versos.



Ele


Tão bom é


só sabe sentir...


Qualidade tão bela


e rara,


minha cara.


Galeano é o cara


ave-rara


de ideias tão belas


e claras


a desnudar tal elite ignara...


Mas atenta:


a vida acontece nas entrelinhas


dos acontecimentos


momentos


tecida nas frestas insinuadas


em  sonhos


e anseios


nos essenciais sentimentos


e revolteios


da alma


em seus primordiais ecos


e silêncios


levada pelo sopro dos ventos.



Ela


"A vida acontece nas entrelinhas!"


Nas frestas...


No silenciar


ao revés do atacar


e, sobretudo,


na capacidade de escutar


os ecos


vindos do silêncio.



Ele


O silenciar


ao invés de atacar


nos fará pulsar,


integrar...


Não segregar e açoitar.


Nas frestas do desconhecido


(re) surgem paisagens,


eternos destinos...


"Escutar os ecos vindos do silêncio”!


E que deles renasça a prosa


a brisa


sob a luz do luar


ou o encanto solar.





(Poema em parceria com a querida amiga Paula Sicchierolli, inspirado pela inspirada poesia do escritor uruguaio Eduardo Galeano)