domingo, 15 de maio de 2011

eram 3 horas da madrugada

e a lua brilhante

refletia em seus olhos

o imenso céu da cidade



e enquanto olhava pela janela

do apartamento no 3º andar aonde

vivia

pensava

no que tinha sido feito da vida

e nem ao menos

o que tinha sido feito do dia

lembrava direito



o ruído da TV

misturado ao latido dos cachorros

ecoava em sua mente

já tão cheia de ecos



e os gritos do Johnny Boy

De Niro / Scorsese / e Keitel

lhe faziam lembrar dos

caminhos perigosos

que estava a trilhar



foi quando a bituca

queimou

seus dedos

e a última fumaça

penetrou as narinas

que a lua deixou-se encobrir



logo aí decidiu dormir

para em breve acordar

mais uma vez

segunda-feira, 2 de maio de 2011

e as estrelas seguiram brilhando no céu

havia acabado de chegar em
casa
quando o telefone tocou

pensou ser sua mulher
apressou-se
em atender. ao primeiro

- alô

ouviu apenas
sons relutantes
ao fundo:

- alô?

ecos distantes
vozes dissonantes
rumores:

- alô...

e por um instante
sua alma vacilou
a voz faltou

- (...)

e o medo instaurou-se
em seu coração
destilou

- (...)

quando recobrou
a emoção
escutou aquela voz

suave, voraz

que falava com
não-sei quem mais

- vou voltar pro meu inglês, apesar dele ser chato pra caramba!

- (...)

- é mesmo.

- (...)

- Às vezes é preciso ter nervos de aço...

- (...)

- pra continuar?

- (...)

- quando eu me encontrar...

- (...)

- sei que nada será como antes, amanhã.

- (...)

foi quando, de repente
a ligação caiu
e assim

sob a luz do luar
a banhar
seu sonhar

tudo seguiu
pro seu rumo
habitual

mas já nem tão igual
como antes
agora

(...)

e as estrelas seguiram brilhando no céu
amanhã
e depois de amanhã