Por esses dias, Mercedes Sosa nos deixou. Já estava com 74 anos a intérprete que retratou a gênese latino-americana como poucas - ouça-a abaixo:
Nascida em Tucumán, Argentina, a cantora celebrizou-se pelas músicas folclóricas e de protesto, pelo canto comprometido com as mazelas do povo e com a unidade dos povos da América, pela capacidade de reinventar-se num mundo que já não compreendia - e que já não a compreendia como outrora. Acima de tudo, permanece viva tua alma generosa e sensível, para quem dedico a poesia que se segue:
Réquiem a La Negra
Gracias a la vida
Tu exististe
E cantaste
Ó Mercedes Sosa querida.
Da tua voz sincera
A voz de cada um de nós
Latino-americanos
Ecoa, eterna.
Brotaram de tua foz
Os brados das minas de cobre
Os gritos das celas atrozes
O sonho renascido em nós.
E como um barco a navegar
Vislumbrastes não somente uma verdade
Porém tantas realidades
Vontades de tudo modificar.
E quando ressurges, teu sopro
Canto geral
De Neruda a Mistral
Vibra no coração do povo.
De Tucumán
A Quito
De Belmopan
A Machu Picchu.
Todas las vozes, todas
Todas las manos, todas
Toda la sangre puede ser
Canción en el viento.
Hoje somos, todo o continente
Um gigante coral de esperança
A louvar e a cantar tua lembrança
Agora a encantar em outro poente.
Gracias a la vida
Tu exististe
E cantaste,
ó Mercedes Sosa querida.