sábado, 10 de outubro de 2009

Réquiem a La Negra



Por esses dias, Mercedes Sosa nos deixou. Já estava com 74 anos a intérprete que retratou a gênese latino-americana como poucas - ouça-a abaixo:



Nascida em Tucumán, Argentina, a cantora celebrizou-se pelas músicas folclóricas e de protesto, pelo canto comprometido com as mazelas do povo e com a unidade dos povos da América, pela capacidade de reinventar-se num mundo que já não compreendia - e que já não a compreendia como outrora. Acima de tudo, permanece viva tua alma generosa e sensível, para quem dedico a poesia que se segue:


Réquiem a La Negra

Gracias a la vida
Tu exististe
E cantaste
Ó Mercedes Sosa querida.

Da tua voz sincera
A voz de cada um de nós
Latino-americanos
Ecoa, eterna.

Brotaram de tua foz
Os brados das minas de cobre
Os gritos das celas atrozes
O sonho renascido em nós.

E como um barco a navegar
Vislumbrastes não somente uma verdade
Porém tantas realidades
Vontades de tudo modificar.

E quando ressurges, teu sopro
Canto geral
De Neruda a Mistral
Vibra no coração do povo.

De Tucumán
A Quito
De Belmopan
A Machu Picchu.

Todas las vozes, todas
Todas las manos, todas
Toda la sangre puede ser
Canción en el viento.

Hoje somos, todo o continente
Um gigante coral de esperança
A louvar e a cantar tua lembrança
Agora a encantar em outro poente.

Gracias a la vida
Tu exististe
E cantaste,
ó Mercedes Sosa querida.

domingo, 4 de outubro de 2009

O Estrangeiro


O estrangeiro caminha na praia
distante
por um mundo que
não] lhe pertence

Finca os pés na areia
enterra
telúricas
antigas lembranças

E enquanto isso
uma linda garotinha
faz pose
pra foto de família

E outra linda garotinha
caminha
graceja
com o copo de cerveja na mão

O estrangeiro observa o
movimento
sente
o vento

Pressente a mudança
de rota
pra fora
do rumo

E não recua
procura
a cura
a resposta

E esquece