quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Sangrar até curar?


Uma história. Qualquer que venha a ser. Inventa. Hoje. Não para no pensamento. Sai da razão. Deixa fluir o devir. O que não se sabe. Id. Memória oculta. Realidade. Dualidade. Tarancón remonta à saudade. À lembrança. Voz ancestral. Tambor. Amor e dor. Pulsante. Energia que sai. De si. Em Si. Bemol. Sol. Sustenido. Ressoa. Aquece. Não fica em casa, não. Fica. Vai. A noite sagrada. O ritual se inicia. Faravahar. Jornada madrugada adentro. A luz. A montanha. Me vejo voando ao redor da lamparina que imagino a iluminar minha cabana. Ou seriam pirilampos? (será que eles falam esperanto?). Para, vai, pra que todo esse pranto? Para o homem que inventou o fuzil, pra que tanta matança? Menos sangue e mais dança. Alegria. Criança. O circo platinado acaba de pousar aqui ao lado, vejo pela minha janela. Vamos ver o bêbado equilibrista e a acrobata maluca. Dizem que a fama da dupla arrebata multidões em galáxias distantes. Dentro de um sonho, vocês podem se perguntar. Mas por hora apenas digo que já estou dentro do picadeiro - e o palhaço me chama para uma conversa sobre a flexibilidade do rabo do crocodilo. Em face ao rabo da lagartixa, o que difere? Gracias a la vida nada é igual, tão únicos são os gestos mais simples e distantes, como o olhar de uma aldeã ao horizonte deserto naquela manhã de 13 de dezembro de 1417, numa vila próxima à Vladivostok, ao lembrar do único beijo trocado com o homem - ou seria mulher? - que ainda amava, e ama. Enquanto destinos se afastam, caminhos se encontram, se reconhecem, se cruzam, sempre. E o que se busca? O vislumbre? Ou seria o relance? "La vida és eterna em cinco minutos". Te Recuerdo, Amanda. Linda canção de Victor Jara. Pinochet, que se se prestasse a ser humano somente por cinco segundos, não o destroçaria, como o fez, assim como com o sonho chileno. O sonho será sempre a utopia do possível e, por tal, eterna contradição? Tá tudo tranquilo, afinal. Tudo bem, vou ser um pouco sincero: por vezes tenho suado sangue. Mas não será sempre assim, mesmo? Sangrar até curar? Fazer a ferida pulsar, feito magma. Até sublimar? Que vontade de ver o mar...


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