quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Cortázar


Meses atrás descobri um livro surreal do escritor argentino Julio Cortázar - nenhuma novidade, posto que o surrealismo era uma das sendas por onde este trafegava com maestria.

"O Último Round - Tomo I"
(Editora Civilização Brasileira) é uma colagem de artigos, contos, ensaios, poemas, fotografias, delírios, e traz algumas pérolas, como o conto "Silvia", onírica viagem pelo universo infantil.

Também traz algumas frases que Cortázar podia ler pelas paredes das universidades de Paris, cidade na qual vivia quando escreveu a obra, em 1969, ecos dos movimentos estudantis que agitaram a capital francesa um ano antes.

O álcool mata. Tomem LSD (Nanterre)

Amai-vos uns sobre os outros (Faculdade de Letras, Paris)

Sou marxista da tendência Groucho (Nanterre)

Dormindo se trabalha melhor: formem comitês de sonhos (Sorbonne)

E entre a narração das férias de um turista em meio a indiano miseráveis, um artigo dando conta do imperialismo norte-americano, o ensaio sobre o conto perfeito, contos quase perfeitos e homenagens a Alain Resnais, o poema:

Não fazemos outra coisa,
o impossível é o pão em cada boca,
uma justiça de olhos lúcidos,
uma terra sem lobos, um encontro
com cada fonte ao final do dia.
Somos realistas, companheiro, vamos
de mãos dadas do sonho à vigília.

ps: Recomendo não só este livro de Julio Cortázar, como também o romance "Os "Prêmios".

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